sexta-feira, 21 de julho de 2017

"Aprendi a amar a biodiversidade”, diz guarda-parque que trabalha há 10 anos no Tumucumaque

Valdeci da Silva, piloto e guia de campo do Tumucumaque
Foto: Aline Paiva

“Aprendi a amar o meu trabalho. Recebi uma transformação no sentido de amar a natureza”, disse Valdeci da Silva, 46 anos, que presta serviços há mais de 10 anos para o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT).

Aos 19 anos o paraense mudou-se para Serra do Navio, localizada no centro do estado, a 203 quilômetros de Macapá. Dois anos antes da criação do município, em 1992. “Eu vivo aqui há tantos anos. Praticamente já me considero filho daqui da região”, afirma.

Valdeci é um dos guias mais queridos do Parque
Foto: Aline Paiva
Valdeci é Guia de Campo e Piloto de Embarcação do Tumucumaque. Ele conta que também vem ensinando jovens que trabalham no projeto de Monitoramento da Biodiversidade a conhecerem melhor o Rio Amapari, uma das principais vias de acesso ao Parque.

“Eu piloto de dia e até de noite. Também tenho ajudado a formar novos pilotos para esta região. Faço um treinamento. Mostro como se deve lidar com os motores e como respeitar a natureza. Ensino que não se deve arriscar, principalmente quando há visitantes ou pessoas que não são acostumadas com embarcação”, explica.

Desde 2012 o Tumucumaque tem recebido visitantes em seu Centro Rústico de Vivência, na confluência dos rios Amapari e São Felício (Rio Feliz).  Valdeci e outras pessoas da região atuam também no atendimento a este público, como guias pelas trilhas do Parque e condutores pelos rios.

Guarda Parque

Valdeci é um dos 493 Guarda-Parques formados no estado, dos quais 180 são amapaenses. O curso é desenvolvido pela Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) com apoio do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), Associação de Guarda-Parques do Amapá (AGPA) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). 

“Primeiramente um Guarda-Parque tem que amar suas tarefas. Ele tem que defender a natureza, como se fosse alguém da sua família”, conta.

Foto: Aline Paiva
De acordo com Nayara Araújo, consultora do PNMT, os cursos iniciaram em 2005, com a formação de indígenas. Em 2006 a capacitação incluiu também não indígenas.

Atualmente o maior desafio destes profissionais é a regulamentação desta profissão, o que permitirá que eles possam ser contratados para exercer suas funções nas Unidades de Conservação do Amapá.

Conforme Richard Pinheiro, presidente da AGPA, a associação ainda não se manifestou a respeito da regulamentação da profissão no estado devido estarem passando por um processo organizacional.

“A associação ainda não se manifestou sobre a regulamentação. Existem alguns pontos na lei que nós não concordamos. Porém, ainda não nos manifestamos porque estamos em uma fase organizacional. Tudo gera despesa e ainda não arrecadamos o pagamento mensal dos associados”, explica.

A próxima capacitação está prevista para acontecer de 10 a 30 de agosto de 2017, incluindo a parte teórica e prática. As inscrições deverão ser feitas no período de 24 de julho a 1 de agosto. São 25 vagas destinadas a pessoas que moram ou atuam em Unidades de Conservação, e entorno, do Amapá.

Nenhum comentário: